Nós

Estou só. 
Do primeiro ponto ao arremate, 
costuro-me às meias, às inclinações, 
dou forma à minha fantasia.
Há quem me visite e borde 
pormenores às minhas beiradas,
e depois se vá 
provando que tudo era desde sempre
eu alinhavada.

Os outros são um manto transparente 
e nós somos um manto de ausências.
Mas das ficções que formam
os tecidos da vigília, 
não quero as sedas
da Índia, os algodões
da Inglaterra
nem os sintéticos da América do Norte, 
prefiro nós
e o artesanato diário 
dessa colcha de retalhos.

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