A vó e a neta

É outubro, o mar gelado, além do cinza apenas o vermelho da casinha de salva-vidas. E a vó, ainda viva, porém calada, olha o mar e faz palavras cruzadas. A neta, que nunca gostou de areia, vai molhar os pés na água fria, sentir o frio subindo pelas veias das pernas. Entre as duas, um movimento que vai e volta, do mar aos olhos uma da outra; da beira da praia às cadeiras de lona. Às vezes uma delas sorri, e a outra aperta os olhos para ver mais longe. Entre a vó e a neta, uma dança circular e uma linha reta, a vida, a morte, a vida de novo e continuamente. A vó se levanta para molhar os pés na água fria e a neta completa o jogo de palavras cruzadas.