Clandestina
Coceirinha de amor nos olhos
e por dentro da barriga escondida
a língua pronta pra dizer o que não cabe
em sussurros nos ouvidos prontos
para escutar o que já sabem
e ainda na cama falar sobre ontem
que foi três horas atrás
que o corpo não pensa cansaço
completamente pele
se estende sobre pele
completamente entregue
e desse salto o tempo se abstém
não para, não conta, não mede
simplesmente não vem
que debaixo do tempo
duas peles cobrem o mundo
na medida em que descobrem
para que servem as mãos.
Mas os pés dispostos a três meses fora
a mala anunciada na pilha de roupas
divididas as mãos do corpo
ensaiam ficar
os pés se dirigem à porta
a barriga perde a fala
tem fome nos ouvidos
os dedos recusam-se à mala
a maçaneta
os pés na calçada
o braço estendido a contragosto
o táxi, o aeroporto
e o tempo à espera
no portão de embarque
apenas a mão direita acena
carrega a mala
cumprimenta o comissário
aperta o cinto
desliga o aparelho celular.
Ao fim do braço retesado
a mão esquerda se ausenta
escondida do tempo
a mão esquerda não embarca
permanece em cima da cama
antes das pilhas de roupas
sob o calor de um corpo sonolento
apesar dos pés insensatos
debaixo da pele o tempo não conta
debaixo da pele, resiste
à clandestinidade do regime destro
a mão esquerda, ama
três meses sozinha
espera um sussurro à beira da cama
enquanto dissimula ter ido junto
pendurada ao fim do braço
no lado inútil do corpo.
e por dentro da barriga escondida
a língua pronta pra dizer o que não cabe
em sussurros nos ouvidos prontos
para escutar o que já sabem
e ainda na cama falar sobre ontem
que foi três horas atrás
que o corpo não pensa cansaço
completamente pele
se estende sobre pele
completamente entregue
e desse salto o tempo se abstém
não para, não conta, não mede
simplesmente não vem
que debaixo do tempo
duas peles cobrem o mundo
na medida em que descobrem
para que servem as mãos.
Mas os pés dispostos a três meses fora
a mala anunciada na pilha de roupas
divididas as mãos do corpo
ensaiam ficar
os pés se dirigem à porta
a barriga perde a fala
tem fome nos ouvidos
os dedos recusam-se à mala
a maçaneta
os pés na calçada
o braço estendido a contragosto
o táxi, o aeroporto
e o tempo à espera
no portão de embarque
apenas a mão direita acena
carrega a mala
cumprimenta o comissário
aperta o cinto
desliga o aparelho celular.
Ao fim do braço retesado
a mão esquerda se ausenta
escondida do tempo
a mão esquerda não embarca
permanece em cima da cama
antes das pilhas de roupas
sob o calor de um corpo sonolento
apesar dos pés insensatos
debaixo da pele o tempo não conta
debaixo da pele, resiste
à clandestinidade do regime destro
a mão esquerda, ama
três meses sozinha
espera um sussurro à beira da cama
enquanto dissimula ter ido junto
pendurada ao fim do braço
no lado inútil do corpo.
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